santa duvida
Esta semana li uma matéria sobre as recem publicadas cartas de Madre Teresa de Calcuta, onde ela descreve a angustia de durante algumas décadas da sua vida não ter sentido a presença de Deus. Fiquei com um aperto no peito porque confesso que sempre imaginei que a fé da Madre era inquestionável. E que essa fé é que a havia guiado durante todos os anos de um trabalho tão importante e altruista.
Para quem vive neste mundo tão repleto de informações e nos direcionando para ciencia e a técnologia, ter fé é um porto seguro. Acreditar que Deus é omnipresente e que por tras de tudo existe a possibilidade do divino pode dar sentido e ordem ao mundo.
Mas a fé não é um exercicio fácil. Da boca de crianças saem as perguntas mais dificeis, e eu lembro bem de terminar o Diário de Anne Frank sem resposta para nenhuma das minhas. Ao longo dos tempos tive sim momentos onde senti a presença divina, não sei se de Deus, ou se de alguma chama que se acendeu movida por esperança. No budismo aprendi que cada um de nós tem a possibilidade de divindade dentro de si e como um diamante ela pode ficar coberta e nunca ser percebida, ou lapidada e aprofundada nas pequenas atitudes que escolhemos cada dia de nossas vidas.
O que moveu a Madre a dedicar sua vida a ajuda dos pobres de Calcuta? Se não foi a presença de Deus, então não terá sido essa chama de divino que cada um carrega? Na minha humilde visão, a intenção vale tanto quanto o ato. Se assim for, Madre Teresa merece ser Santa. E se o vaticano interpretar suas cartas como uma negação de sua santidade, então para mim Santa ela já é.